
O estudo revelou que ao não noticiar a conexão entre os efeitos globais e as consequências mais próximas do público o jornalismo acaba por não evidenciar a importância do tema para as pessoas. Segundo a pesquisadora “o papel do jornalista e do comunicador é mostrar estas conexões, que nem sempre estão evidentes, explicitá-las para que as pessoas possam tomar decisões mais conscientes”.
Em uma abordagem interdisciplinar, a pesquisadora fez um extenso trabalho de coleta de dados que durou cerca de quatro anos. As atividades envolveram a pesquisa participante na redação do jornal, análise de matérias publicadas, entrevistas com leitores e com pessoas que foram procuradas pelos repórteres como fontes de informação.
Além das áreas de comunicação e de jornalismo, o trabalho se apoiou também no campo da psicologia no estudo sobre a percepção em torno do tema das mudanças climáticas, tanto de leitores, como de jornalistas e fontes. A perspectiva interdisciplinar é a marca do Made que desde seu início se propôs a integrar diversas áreas de conhecimento no processo de pesquisa.
“Esta posibilidade de relacionar diferentes áreas é algo que você não vai conseguir fazer num programa disciplinar” conta a jornalista. Ela destaca a importância de ter contato com professores e colegas com formação diversificada. “Isso tudo acaba contribuindo para que você tenha uma perspectiva muito mais plural do que se trabalhasse num grupo que tem o mesmo tipo de formação ou que aprendeu a estudar um determinado objeto a partir de uma mesma lógica” completa Loose.
Premiação
A cerimônia de entrega do prêmio será no dia 7 de dezembro, Loose conta que ficou surpresa com o anúncio devido ao fato da distinção não ser na área de comunicação. “Fiquei muito feliz com a premiação, é um sinal que consegui ultrapassar a barreira do meu campo, foi um trabalho bem exaustivo, muitos meses de trabalho de campo” conta a pesquisadora.
A orientadora principal da tese, a professora Myrian Del Vecchio, destaca a importância do tema na atualidade. “Nâo existe uma percepção clara dos riscos ambientais a nível local, eles permanecem invisíveis. Este trabalho mostra como a falta de uma comunicação efetiva, como vem acontecendo na imprensa local e também nacional, ao noticiar as mudanças climáticas apenas em função de eventos e de algumas catástrofes, muito distanciadas do Brasil, prejudica as ações de enfrentamento a estas mudanças” completa Del Vecchio.
Durante a pesquisa Loose passou 9 meses em Portugal estudando com uma das maiores especialistas em mudanças climática, a professora Anabele Simões Carvalho, da Universidade do Minho, que ajudou a orientar a tese.
Com texto de Rodrigo Choinski/Superintendência de Comunicação Social da UFPR 12 de outubro de 2017 – 5h41
(foto: Facebook de Eloise)
